quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Poema 11

foi sem qualquer treinamento
que eu, verde, fui instado
a enfrentar uma mulher:

as palavras num refluxo lento
o discurso

entrecortado

esperando uma linha qualquer

cigarro pontuando o cinzeiro
meu olhos pra sempre esperando
quem jamais voltou do banheiro.

eu, orquestra de nenhum som,
guardei o filtro tatuado
meu bolso sangrando batom
meu solene beijo frustrado.




( Por Alan Miranda)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Poema 10

A vida é tão doce, amigo,
e eu aqui na contra-capa
no abrigo frio do escritório
em pleno Rio, eu de gravata

a cara gorda, a alma magra
sem meu grimório de partitura
que é a loucura de todo samba
que é a doçura de todo bamba

com a puta da coluna,
com o branco lá da boca,
vivo a vida tão cicuta,

penso a vida tão insana,
escura, negra, impura,
vazia, pra quem não ama.



( Por Alan Miranda)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Poema 9

não perguntes quantas
desfilaram em mim:

mede-se o navegar
pelo avanço do barco
ou pelas ondas do mar?


Não perguntes, enfim
como escolhi dentre tantas
(aceita ser o marco-
zero, no meu coração.)


não sabes que o mistério
é sério como um arco
atirando sem direção?




( Por Alan Miranda)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Poema 8

trazes as mãos cerradas.
pulverizas, de avião,
sobre todo meu jardim:

flores despedaçadas,
alquebradas pelo chão,
despetaladas em mim.

eu, nunca dada a sonho,
cultivava pequeno
esse canteiro estranho

(que à noite, sereno,
ganhava toda amplidão.)

queima toda esperança
essa tua aliança,
Napalm na palma da mão.





( Por Alan Miranda)