Poema 14

a fuga muda dos teus olhos
miro digiro
esse tiro:


lágrimas vertidas
convertidas
num mutismo agudo.

me levanto
me afundo no canto
num porto seguro enquanto
não adormece a lembrança
maré contra teu peito raso
que não esquece aquele sujeito

(entre a gente no leito)
e o desfeito
no ocaso.





( Por Alan Miranda)

Poema 13

Talvez foi quando as nuvens
negaram-me o teu rosto;
ou quando revelou-se o gosto
de outras bocas na tua;

foram minhas pálpebras cansadas
que me abriram os olhos pra rua?
ou foram as palavras jogadas
no vácuo da tua ausência?

foi a lâmina do espelho
estampando o meu valor?
foram as vozes dos conselhos
ou o grito da minha dor?



talvez tenha sido minha impaciência.



Sei que foi em algum ponto, lá atrás:
não sei quando, ou em que lugar
(acho que quando tuas mentiras
já não me doíam mais).

foi de repente:
um dia, deixei de te amar.




( Por Alan Miranda)

Poema 12

Dizem: é questão de tempo.

Se toda paixão anda em roda
e todas as dores

se dissolvem no vento
dos neurotransmissores

se a felicidade
renasce em cada foda

se o absoluto não existe,
por que depois de tantos amores
sem você, ainda sou triste?




( Por Alan Miranda)